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sábado, 2 de abril de 2011

Bibliografia-Cazuza

Fotos: Site Oficial
Sinceridade à flor da pele. Seja para falar de amor, dor-de-cotovelo ou boemia, seja para criticar duramente o país ou a burguesia. Assim eram as letras de Cazuza, um ícone da geração do rock dos anos 80, seu porta-voz mais fiel, que será relembrado no filmeCazuza - O Tempo Não Pára, com estréia em todo o circuito nacional no dia 11 de junho.
Cazuza nasceu Agenor de Miranda Araújo Neto, no dia 4 de abril de 1958, no Rio de Janeiro. O apelido veio de sua ascendência nordestina por parte de pai, pois no Nordeste 'cazuza' significa moleque. E, desde antes de seu nascimento, João Araújo acreditava que o filho que estava por vir seria um menino. Cazuza sempre preferiu o apelido ao nome de batismo, que só foi aceitar quando descobriu que um de seus ídolos, Cartola, também se chamava Agenor.
Quieto e solitário, a infância de Cazuza, passada em colégios caros, foi tranqüila. Foi na adolescência que o gênio rebelde e contestador deu mostras. Sua mãe, Lucinha Araújo, ficou enlouquecida com as diversas noites passadas pelo festeiro Cazuza fora de casa e com o visual hippieque ele adotou.
Em 1976, João, preocupado com o filho, decidiu arrumar um emprego para ele na gravadora Som Livre. Cazuza começou no departamento artístico, fazendo a triagem de fitas de novos cantores, e logo depois passou para a assessoria de imprensa, onde escrevia releases para divulgar os artistas. Mas, certamente, Cazuza não queria continuar sob os cuidados do pai. Decidiu largar o trabalho e ir para os Estados Unidos estudar fotografia na Universidade de Berkeley.
Inquietude dominante
Cazuza voltou ao Brasil, após a estada de sete meses nos Estados Unidos, sem conseguir encontrar o que realmente queria fazer. Ao chegar ao Rio, decidiu ingressar no curso de teatro do ator Perfeito Fortuna (grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone). Foi na apresentação da peça Pára-quedas do Coração, parte de sua conclusão do curso, que o jovem percebeu do que profundamente gostava: cantar.
A oportunidade de se juntar a um grupo de música surgiu, também, durante as aulas de teatro. O cantor Léo Jaime indicou a Cazuza um grupo de garotos que tocava rock e precisava de um vocalista para completar a banda. Era 1981, os ensaios aconteciam na garagem de um deles, e a voz berrada de Cazuza agradou muito a Roberto Frejat, Dé, Maurício Barros e Guto Goffi. Estava formado o Barão Vermelho.
Os shows começaram em bares e teatros da cidade. Mas uma fita demo do grupo caiu nas mãos de Ezequiel Neves, produtor da Som Livre. Ele gostou tanto do rock irônico da banda que a mostrou ao diretor artístico da gravadora, Guto Graça Mello. A missão dos dois seria convencer João Araújo, presidente da empresa, a produzir o primeiro disco do Barão. João era reticente, com receio de que achassem a produção mero fruto de sua condição de pai do vocalista. Mas, enfim, o páreo foi vencido pelos dois produtores da Som Livre e, em 1982, surgia o primeiro disco, Barão Vermelho.
Bem aceito pelo meio artístico, o trabalho não foi um sucesso de público. Entretanto, Caetano Veloso não deixaria de dar uma 'forcinha' ao grupo e incluiu 'Todo Amor que Houver nessa Vida' no repertório de seu show, em 1983.
Sangue artístico
Cazuza afirmava que a influência da arte na sua vida era de responsabilidade dos pais. Seu pai, como produtor de músicos, recebia em casa os principais intérpretes da MPB como Gilberto Gil, Caetano Veloso e Elis Regina. Além disso, na coleção de discos de João, Cazuza tomou conhecimento de nomes como Lupicínio Rodrigues, Dolores Duran e Maysa. A influência também vinha por parte da mãe, que chegou a gravar três discos e cantava pela casa 'feito um passarinho', como o cantor dizia.
Para completar sua formação musical já composta pelo samba-canção de Lupicínio e pela tropicália de Caetano, faltava apenas um toque de blues, vindo de sua admiração por Janis Joplin, cuja música ele foi conhecer aos 14 anos. Estava formado o caldeirão miscigenado que seria a poesia e obra de Cazuza.
Egocentrismo de filho único
O Barão Vermelho começou a fazer sucesso com o grande público ao compor a música 'Bete Balanço', tema do filme homônimo de Cacá Diegues, em 1984. Com o terceiro trabalho da banda,Maior Abandonado (no qual adicionaram 'Bete Balanço' para ajudar na comercialização), eles conquistaram o disco de ouro ao atingir a marca de 100 mil cópias vendidas.
Entretanto, nem isso nem o sucesso das apresentações do Barão Vermelho no 1º Rock in Rio diminuíram as discussões entre o grupo. Cansados da notoriedade de Cazuza, os quatro integrantes do Barão propuseram um plano de democratização: todos teriam a oportunidade de cantar e as parcerias se tornariam abertas. O egocentrismo e a vontade de seguir carreira-solo falaram mais alto e, em 1985, Cazuza deixava a banda.

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